sexta-feira, 10 de maio de 2013

amor inventado

Tudo que existe no mundo que a gente enxerga foi um dia
Inventado.
Tem as invenções da natureza e tem as outras também;  
Janela, porta, parede, rua, retrato, prato
Tudo.  
Repara pra ver, a lista é imensa.

Então, porque não inventar um amor pra melhorar a vida? 
De pulseira colorida, de óculos e cabelo liso
olhando de longe
Escapando de perto
Amor inventado no mais puro acaso
e mesmo assim com nome e sobrenome
com voz pra escutar e assunto bom pra perguntar.   

No século passado seria muito mais difícil;
Paixões do tempo  de telefone fixo, de catalogo de endereço
e do destino pra ajudar  a encontrar de novo
e esperar muito tempo
pra chegar o depois de novo.
Hoje a espera pode ate ser a mesma mas o talvez é diferente.

Tecnologia de ponta pra acelerar calafrios e taquicardias, flores virtuais
Poemas e letras de musica, bilhetes curtos, respostas breves, propostas incertas.
sábados de sol em um outono resfriado.
Um almoço inusitado, um jantar improvável e uma pergunta que nunca foi feita;
- aceita?
A resposta não importa.
Nem o numero do celular importa.
A rede de possibilidades continua intacta. O amor é  inventado
Lembra?
E vai continuar assim amanhã e depois de amanhã também.
Mesmo que nenhum sábado apareça na praça Benedito Calixto.
Tudo flutua nesse tempo
Na estante alta das melhores vontades

A vida real segue em  frente
pronta pra desflutuar
Pra virar invenção de novo quando por acaso
Sem mais nem quando surgirem noticias desse planeta
De pulseiras coloridas
Um contato telegráfico em uma manhã de sono
Um pouco de tudo;
Sem beijos no fim
E mesmo assim começa tudo de novo.  

       

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Belo Horizonte me chama




Belo Horizonte me chama

Vou me embora sexta feira de tarde de maio e de quase sábado.
É o lugar que eu tenho pra voltar.
Já faz  tempo que Belo Horizonte deixou de ser cidade
e virou sentimento.
Volto pra lá religiosamente muito menos do que gostaria.
Tem uma luz fraquinha na janela da rua Itamaracá numero quinhentos e trinta e quatro
que passa depressa por mim na Cristiano Machado.
Belo Horizonte me chama  por todo canto.
Sobe Bahia do lado da Espirito Santo
e pertinho assim da Rio de Janeiro.
Lá  tem um jardim escondido no alto de um prédio em cima do cine Paladium que também passa depressa.
No super- colo- gigante  vou levando Pedro e Rafa  em cima das costas 
na descida e depois na  subida da Goitacazes.
Meu Deus do céu  como eles também passam depressa.  
A casa em que eu sempre morei tem tantos endereços que nenhum correio consegue  entregar nenhuma carta.
É o mapa do meu nada.
Passa bem pra lá da praça da liberdade, desce a Brasil vai pra Piauí.
Aquele prédio com portão verde no meio da rua.
Repara que bem em frente  tem uma arvore triste-triste.
Debaixo dela já não tem ninguém pra me buscar.
Antes tinha
Mesmo assim Belo Horizonte me chama.
Nenhum céu no mundo tem um azul mais cruzeirense.
Nenhuma saudade no meu mundo é dolorosa desse jeito
Nenhuma cidade
Todos os  sentimentos.