O dia daquele sim
com cerveja de garrafa no
sábado a tarde continua imóvel no tempo de sempre.
Os faróis da paulista e os
inocentes do Leblon estão ao alcance na
ponta dos dedos.
Os aviões seguem partindo pra
Belo Horizonte ou pra Porto Alegre e tudo mais que existe nesse mundo segue
também no inexorável caminho do fim.
Essa barra de ferro na grade
do parque, a grama feia na beira da calçada, o carro novo na esquina da Brasil
com a Rebouças.
Pode escolher entre prestar
atenção ou não.
É devagar, mas é.
A terrível noticia é que o
mundo vai mesmo acabar.
Mas não se desespere;
Esse mundo imenso e cheio de
lituânias e ursos polares e essas plantinhas da floresta
Tudo isso vai resistir mais
tempo que esse mundinho besta que existe dentro da gente
e que deixa tudo muito maior
do que de fato é.
Essa saudade boba, esse
arrependimento, essa culpa,
Esse calo, essa dor, esse
sapato apertado, esse calor de primavera que vem por ai, essa coisa chata.
Esse amor passado, esse calor
estragado no tempo que fica
não vai.
Fica.
Não vai.
Nem fica.
Vidinha besta essa
Esse trem de ferro apitando.
Essas montanhas de Minas.