quinta-feira, 14 de março de 2013

receita pra se apaixonar



Paixão é coisa fácil demais da conta.
Um sorriso, uma castanha de caju, o nome na ponta da língua, outro  sorriso  e pronto
Click. Aceita? Sim. Amigos então.
Quem sabe um dia um café, uma cerveja de garrafa, um almoço demorado na Benedito Calixto?
Claro, vamos combinar. Me liga? Ligo, arrisco, chamo; 
vamos?
Fomos.
A frente fria do final de semana em  São Paulo,  a beleza do Rio de Janeiro, a saudade de Belo Horizonte, os desafios da vida saudável na tarde de sábado e mais Fernando Pessoa 
e  mais as fotos no Instagram,
Uma água tônica com limão e gelo.
outra cerveja?
Sim.
E o olho brilhando?
Sim.
E o resto é pensar como vai ser  possível passar o resto da vida que  falta sem esse braço que   encosta  de leve
Sem o barulho dessas pulseiras coloridas
Sem esse riso breve que não termina.
O segundo capitulo é voltar pra casa
caminhando devagar imaginando que o amor é filme
Que todos os problemas são menores
do que o tempo que falta
pra mandar e receber de volta uma mensagem dela.
O amor resolve tudo.
Com gelo e no liquidificador
Com vodka pra dançar na sexta feira a noite.
O problema é que nesse estado de espirito falta ar pra respirar e pra pensar.
O amor pesa, existe, tem formato e relevo. Incomoda na blusa, marca no relógio e vai no tic tic tac tac passando e passando.
O amor passa igual sábado.
E tudo é de dois.
No começo e no meio
e nisso que vem na sequência que não é pra chamar de fim.
Ninguém chama porque ninguém entende o que é.
Fica  anotado o numero do telefone,
o recado de antes, o signo e o endereço. Fica um livro sem dedicatória.
Tudo flutuando naquele lugar do tempo e do espaço
Pra onde vão as coisas e as saudades
As breves e as demoradas.
Ate que chega outra castanha de caju,
Outro sorriso breve e outro nome na ponta da língua
Com umas pulseiras lindas.
E começa tudo de novo porque  o amor é filme
E paixão é coisa fácil demais da conta.

terça-feira, 12 de março de 2013

como entender as mulheres


Meu filho mais velho, Pedro, vai fazer vinte e um anos. Ele anda triste. Não sabe bem o motivo, mas eu desconfio; com duas décadas de existência é difícil mesmo  entender os solavancos da alma
principalmente quando os tremores são provocados por almas femininas.
Eu tenho mais que o dobro da idade dele e a mesma incapacidade.
Queria dar de presente um manual de instruções, um guia pratico de navegação. 
Informação pontual pra não se perder.
Siga a seta, ligue os pontos, ria na hora certa, chore, minta, corra, volte, fique.
Beba,
esqueça.
Coisas assim pra resolver a fossa que ele encontrou na esquina desses vinte anos.
Não é falta de possibilidade, é falta de olho brilhando, de frio na barriga
o mundo rodando ao contrario sem ninguém pra reparar.
Ele confessa que não sabe lidar com a frustração de tanta expectativa. 
Eu queria dizer; Pedro, meu filho, ninguém nesse mundo sabe.
Nem as próprias mulheres sabem.
Mas o problema é que o tempo todo parece que elas sabem.
É por isso que nós perdemos o rumo.
E nem a experiência de vida, nem todos os sábados de sol de Belo Horizonte, do Recife
ou da avenida Paulista vão resolver essa matemática difícil.
Somos todos moradores desse mesmo começo de século.
Tudo muito rápido e pratico, muito conveniente e higiênico.
Tem um lugar certo pra fumar, outro pra beber, tem lugar pra conhecer, tem rapidez pra viver, beijar, ligar e depois  desligar.
E tudo vai embora e começa tudo de novo.
Uma musica nova, outro aniversário, outra cor de esmalte pra reparar, outra moda pra gostar ou não . Quase nem dá tempo.
O maior amor do mundo acabou na semana passada
o suor nas mãos secou dez dias antes.
Uma chegou do Canadá , outra terminou a faculdade, outra é nova no prédio, outra ele nem sabe o nome.
Tudo igual.
Tudo nada.
Elas também queriam muito mais . Não é nada de príncipe encantado, nem nada que pareça difícil. A vida normal é um conjunto vazio e parece que elas sabem lidar melhor com tudo isso. 
E  já faz muito tempo.
Eu juro Pedrinho que se eu soubesse eu te contava rapidinho.