Paixão é coisa fácil demais
da conta.
Um sorriso, uma castanha de
caju, o nome na ponta da língua, outro
sorriso e pronto
Click. Aceita? Sim. Amigos
então.
Quem sabe um dia um café, uma
cerveja de garrafa, um almoço demorado na Benedito Calixto?
Claro, vamos combinar. Me
liga? Ligo, arrisco, chamo;
vamos?
Fomos.
A frente fria do final de
semana em São Paulo, a beleza do Rio de Janeiro, a saudade de Belo
Horizonte, os desafios da vida saudável na tarde de sábado e mais Fernando
Pessoa
e mais as fotos no Instagram,
Uma água tônica com limão e
gelo.
outra cerveja?
Sim.
E o olho brilhando?
Sim.
E o resto é pensar como vai
ser possível passar o resto da vida
que falta sem esse braço que encosta
de leve
Sem o barulho dessas
pulseiras coloridas
Sem esse riso breve que não
termina.
O segundo capitulo é voltar
pra casa
caminhando devagar imaginando
que o amor é filme
Que todos os problemas são
menores
do que o tempo que falta
pra mandar e receber de volta
uma mensagem dela.
O amor resolve tudo.
Com gelo e no liquidificador
Com vodka pra dançar na sexta
feira a noite.
O problema é que nesse estado
de espirito falta ar pra respirar e pra pensar.
O amor pesa, existe, tem
formato e relevo. Incomoda na blusa, marca no relógio e vai no tic tic tac tac
passando e passando.
O amor passa igual sábado.
E tudo é de dois.
No começo e no meio
e nisso que vem na sequência
que não é pra chamar de fim.
Ninguém chama porque ninguém entende
o que é.
Fica anotado o numero do telefone,
o recado de antes, o signo e
o endereço. Fica um livro sem dedicatória.
Tudo flutuando naquele lugar
do tempo e do espaço
Pra onde vão as coisas e as
saudades
As breves e as demoradas.
Ate que chega outra castanha
de caju,
Outro sorriso breve e outro
nome na ponta da língua
Com umas pulseiras lindas.
E começa tudo de novo
porque o amor é filme
E paixão é coisa fácil demais
da conta.