domingo, 1 de setembro de 2013

as coisas não precisam de você



O dia daquele sim
com cerveja de garrafa no sábado a tarde continua imóvel no tempo de sempre.
Os faróis da paulista e os inocentes do Leblon estão  ao alcance na ponta dos dedos. 
Os aviões seguem partindo pra Belo Horizonte ou pra Porto Alegre e tudo mais que existe nesse mundo segue também  no inexorável caminho do fim.
Essa barra de ferro na grade do parque, a grama feia na beira da calçada, o carro novo na esquina da Brasil com a Rebouças.
Pode escolher entre prestar atenção ou não.
É devagar, mas é.
A terrível noticia é que o mundo vai  mesmo acabar.
Mas não se  desespere;
Esse mundo imenso e cheio de lituânias e ursos polares e essas plantinhas da floresta
Tudo isso vai resistir mais tempo que esse mundinho besta que existe dentro da gente 
e que deixa tudo muito maior do que de fato é.
Essa saudade boba, esse arrependimento, essa culpa,
Esse calo, essa dor, esse sapato apertado, esse calor de primavera que vem por ai, essa coisa chata.
Esse amor passado, esse calor estragado no tempo que fica
não vai.
Fica.
Não vai.
Nem fica.
Vidinha besta essa
Esse trem de ferro apitando.
Essas montanhas de Minas.