A febre da despedida toma
conta de mim
Varias vezes por dia- por
telefone ou por carta
Em cada letra no giro da
chave do carro indo e ficando- quando a mensagem acaba quando o telefone
desliga e quando o outro dia não chega-
Febre de Gripe que carrego comigo
Remédio que tomo é de folha de clorofila
Não é o suco nem o processo
das plantas
Não é nada que não exista- é
uma folhinha verde pequena e frágil de cheiro breve
De nuvem de avião . Plantei no fundo do armário
escondidinha que só e nasceu mesmo
assim.
Não parece que ela vai
resistir muito tempo.
Nasceu onde normalmente não
cabem plantas nem cabe verde nem bate sol- e mesmo assim parecendo não existir
Ocupou as gavetas e os
cabides
Abriu as portas e trouxe luz-
A febre que eu sinto na
despedida vem dela
E o remédio também-
dizem que essas folhinhas não duram muito.
Eu plantei mas nem sei onde
começa sua terra
Também não faço ideia onde termina.
O que eu sei é que ela
existe.
E hoje isso é o bastante
É tudo.
É um tanto.
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