Treze de novembro de dois mil
e oito.
A letra miúda na tampa branca
da ultima prateleira na geladeira que também é branca.
A corajosa geleia de morango
de nome difícil que veio
Da Bélgica e que nunca foi
aberta.
Venceu o tempo e os novembros
e depois se perdeu.
Deixou de ser orgânica, virou
enfeite e depois deixou de ser objeto.
Virou um sentimento.
Meu Deus do céu, como dói
essa geleia de morango que veio da Bélgica
e que entregou seus últimos
pontos em um verão de dois mil e oito.
Morreu a espera de um café da
manhã perfeito na mesa de um sábado ao lado flores bonitas.
Passou a vida esperando um
sim, eu quero muito.
Um tanto.
A frase nunca foi dita.
A geleia foi e voltou da mesa
pra geladeira
E da geladeira pra mesa e
vice versa.
Muitos sábados se passaram
e muitos cafés da manha
ficaram de noite e começaram e terminaram.
E ela na mesa voltava sem
ouvir nenhum sim.
Nem ela nem ninguém ouviu
nenhum sim.
Naquele tempo de antes, dois
mil e oito era um dia que ainda demorava
muito pra chegar. Dava pra acreditar em muita coisa ate o dia treze de novembro
de dois mil e oito.
Mas agora não.
Ela fica ali no cantinho.
Tímida,
invalida,
morta.
Só pra lembrar a vida inteira
que poderia ter sido
Se alguém tivesse dito;
Sim.
Eu aceito.
Sim, isso acontece com esses gêneros... Bebidas e alimentos... Diferente de perfumes e roupas, as quais compramos para usar "importadas e caras" sim, as usamos! Mas as geléias, os azeeites, os vinhos... Ahhhh, esses esperam por momentos e pessoas especiais para degustar e dizer : sim, aceito! Faltou isso para a pobre geléia! Rsrsrrs
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