terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

o breve espaço do tempo das goiabas




Goiaba é  uma  fruta abençoada.
A frase é de um poema da Adélia Prado.
Mas a goiaba pode ser de qualquer um.
Nesses tempos fevereiros é fácil perceber
Que tem goiabeira demais da conta por aí.
Quem prestar atenção no caminho de todo dia vai se
Surpreender.
Nunca conheci ninguém que soubesse dizer se a goiaba é vermelha ou branca só olhando a arvore. Mas isso não faz diferença.
O bicho da goiaba também não faz diferença.
Importante mesmo é o encontro.
É o achar.
É o tempo generoso delas.
Descobrir as goiabeiras carregadas é um jeito de entender que a vida passa pra todo mundo.
Em qualquer lugar.
Aqui em São Paulo descobri um tanto delas;
tem uma na porta de casa, outra na rua Ministro Rocha Azevedo, outra na esquina da Brasil com Rebouças e outras varias na Sumaré.
Quem passar pode pegar quantas goiabas quiser.
Pode levar pra fazer doce, pode levar pra namorada,
pode esticar o braço, pode subir no pé,
pode balançar o galho.
Mas isso não é pra sempre. O tempo delas também  passa muito rápido. Vai ate o dia de São José;
dia dezenove de março.
Chove muito nesse dia. É a enchente das goiabas.
É o dia em que elas vão embora.
As maduras  demais caem no chão, as verdes também, as outras também.
A enxurrada leva tudo.
No dia seguinte termina o verão e começa o outono.
O equinócio de outono, quando noite e dia passam a ter o mesmo tempo e a rota do sol cruza a linha do equador.
Tudo cabe no breve espaço do tempo das goiabas.

O poema da Adélia Prado termina assim;
O reino é dentro da gente.


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