Goiaba é uma fruta
abençoada.
A frase é de um poema da Adélia
Prado.
Mas a goiaba pode ser de
qualquer um.
Nesses tempos fevereiros é
fácil perceber
Que tem goiabeira demais da
conta por aí.
Quem prestar atenção no
caminho de todo dia vai se
Surpreender.
Nunca conheci ninguém que
soubesse dizer se a goiaba é vermelha ou branca só olhando a arvore. Mas isso
não faz diferença.
O bicho da goiaba também não
faz diferença.
Importante mesmo é o
encontro.
É o achar.
É o tempo generoso delas.
Descobrir as goiabeiras
carregadas é um jeito de entender que a vida passa pra todo mundo.
Em qualquer lugar.
Aqui em São Paulo descobri um
tanto delas;
tem uma na porta de casa,
outra na rua Ministro Rocha Azevedo, outra na esquina da Brasil com Rebouças e
outras varias na Sumaré.
Quem passar pode pegar
quantas goiabas quiser.
Pode levar pra fazer doce,
pode levar pra namorada,
pode esticar o braço, pode
subir no pé,
pode balançar o galho.
Mas isso não é pra sempre. O
tempo delas também passa muito rápido. Vai
ate o dia de São José;
dia dezenove de março.
Chove muito nesse dia. É a
enchente das goiabas.
É o dia em que elas vão
embora.
As maduras demais caem no chão, as verdes também, as
outras também.
A enxurrada leva tudo.
No dia seguinte termina o verão
e começa o outono.
O equinócio de outono, quando
noite e dia passam a ter o mesmo tempo e a rota do sol cruza a linha do
equador.
Tudo cabe no breve espaço do
tempo das goiabas.
O poema da Adélia Prado
termina assim;
O reino é dentro da gente.
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